Meu coração, disparado pelo esforço físico, parou abruptamente por segundos antes de voltar ao ritmo acelerado... não ouvi meu nome, ele não disse, mas aquele meio sorriso que antecedeu o ‘oooi’ fez com que eu me esquecesse de respirar. Ele tirou o fone de um dos ouvidos e eu estava certa de que isso significava que ele ia parar. Eu parei. Ele continuou no mesmo ritmo.
Eu ali parada.
Olhando.
Foram no máximo 5 segundos.
Esse foi o tempo que levou para acabar com todas as minhas esperanças, com todas as cenas que eu criei, com toda a expectativa... pra desmoronar a calma, o equilíbrio, que eu demorei semanas pra adquirir.
Eu não sabia mais se era só suor que escorria em minha face, ou se já eram lágrimas. Então eu sentei, ali no chão mesmo, e com a cabeça entre os joelhos eu chorei. Chorei como acreditava que jamais seria capaz chorar de novo.
Pelo menos não por esse mesmo motivo.
Eu queria gritar, mas não tinha voz... senti raiva ao me dar conta do que tinha acabado de acontecer. Estava convencida de que esses sentimentos tinham me abandonado.
De onde eles vieram?
Onde estavam escondidos?
Aguardei algum tempo antes de retornar pelo mesmo caminho, para ter certeza de que ele já tivesse ido embora. Como se a vida estivesse achando uma enorme graça em debochar da minha dor, cruzo com ele novamente, como para que reafirmar a realidade do que eu senti.