sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


Eu toco o travesseiro e sei a distância que minha mão precisa percorrer para te tocar...
Sei qual vai ser a temperatura da tua pele...
Sei exatamente qual vai ser teu cheiro se eu me aproximar, e parece que já posso senti-lo...
Sei que posso esticar minha perna para nossos pés ficarem juntos, mas que se eu mexer vai te fazer cócegas...
Sei que não consegue dormir juntinho, mas que às vezes vai me abraçar durante o sono, e nem lembrar no dia seguinte.
E que, se estiver chateado comigo, vai lembrar e me soltar, como se seu não soubesse que você acabou esquecendo de todas as desavenças enquanto dormia...
O que eu esqueço de lembrar é que seu lado da cama está vazio essa noite, e me pego estranhando quando toco o tecido frio no lugar que era teu...
Quando não esbarro em nada ao me virar durante o sono, acabo acordando, pois meu corpo não está acostumado com esse vazio no teu lugar...
Meu subconsciente recria o calor da tua pele, mas ele não consegue mais aquecer...
Toda essa falta, cada ínfimo detalhe, vai doer bem mais quando eu acordar.

sábado, 22 de fevereiro de 2014


E a mesa posta estava tão bonita... mas beleza não é suficiente para as coisas terem gosto quando você tem que comer sozinha. Você fita o prato, pois não há ninguém para olhar no outro lado da mesa... não há você prestando atenção na TV ao invés de se ater às coisas que eu falo...e pode ter sido importante ou não, se pensar que falar com as paredes hoje pode ter o mesmo efeito. Mas o silêncio da tua falta é absurdo, mesmo que eu ligue o som e aumente o volume até os vizinhos reclamarem. Tua presença era gritante. E o teu silêncio, por vezes, ensurdecedor... mas tudo tinha algum tempero.  Agora esse prato parece sem sal. E tua ausência parece um vácuo assonoro, pesado demais para que eu não tenha uma indigestão. A mesa estava tão bonita e a comida continuava esfriando. Fitava o prato. E o vácuo. E o teu lugar à mesa. Eu me sentia cheia, mas ainda assim eu me sentia faminta. Faminta de amor.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014












Papel e caneta na mão:
eu paro e fito a folha em branco
Onde foi que eu me perdi?
Quando isso aconteceu?
Algum, ou muito, tempo atrás
(já nem sei mais)
automaticamente minhas mãos
desenhavam palavras, frases e textos
E, agora, nem consigo encontrar
o termo certo para começar
Eu me perdi...
Eu perdi o dom dessa coisa sincera
que me rendia elogios
Ou será que ainda o tenho?
Entranhado, esquecido, relegado
em algum lugar dentro de mim,
do que me tornei
(ou sempre fui?)
Quero isso de volta
Que me tirem tudo
mas me deixem aquela capacidade
de puxar o ponto do fio
que forma esse nó na minha garganta
e ir desmanchando
enquanto vou enrolando
marcando as linhas aqui no papel
Quero de volta a capacidade
de transformar essas coisas ruins de sentir
em coisas bonitas para ler
Tenho medo de que a pessoa fria
que por vezes eu tentei ser
tenha me feito perder o jeito de escrever
Há anos eu me desmonto
me desdobro e me junto
pelas linhas de algum caderno qualquer
e tenho que isso me faz inteira
mais forte para o que vier...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014



Alguém que me faça carinho 
ao invés de me fazer chorar,
Que me peça em casamento, 
no lugar de me pedir pra ir embora,
Que me chame de linda
ao invés de me chamar de mentirosa
Que me proteja, no lugar de me julgar
Alguém que só brinque de brigar
Que seja o mais sincero ao me amar
Que ache uma graça os meus defeitos
Que ria com os meus medos
e seja humilde quando errar
Alguém que me abrace:
‘vai passar, tudo isso vai passar’