sábado, 22 de fevereiro de 2014


E a mesa posta estava tão bonita... mas beleza não é suficiente para as coisas terem gosto quando você tem que comer sozinha. Você fita o prato, pois não há ninguém para olhar no outro lado da mesa... não há você prestando atenção na TV ao invés de se ater às coisas que eu falo...e pode ter sido importante ou não, se pensar que falar com as paredes hoje pode ter o mesmo efeito. Mas o silêncio da tua falta é absurdo, mesmo que eu ligue o som e aumente o volume até os vizinhos reclamarem. Tua presença era gritante. E o teu silêncio, por vezes, ensurdecedor... mas tudo tinha algum tempero.  Agora esse prato parece sem sal. E tua ausência parece um vácuo assonoro, pesado demais para que eu não tenha uma indigestão. A mesa estava tão bonita e a comida continuava esfriando. Fitava o prato. E o vácuo. E o teu lugar à mesa. Eu me sentia cheia, mas ainda assim eu me sentia faminta. Faminta de amor.

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