quarta-feira, 5 de abril de 2017


Está chovendo... o céu está fechado, carregado de uma maneira que fica difícil acreditar que já existiu sol. A chuva me deprime. Me deprime ficar engasgada de coisas e então elas não saírem quando eu tento falar. Me deprime engolir de volta o nó que sobe pela garganta.
O barulho da chuva é tão forte que ninguém escuta o que eu tenho a dizer? Eu tenho culpa! Eu assumo que tenho culpa! Eu assumo que estou nessa gangorra entre o arrependimento e o conformismo! Várias e várias vezes eu preciso desviar meu pensamento dessa vontade louca de sair correndo e voltar para o conforto, para o comodismo, praquela certeza insana de todos os dias iguais de novo e de novo e de novo.
Me assusta... os trovões me assustam porque não sei em qual momento vou acordar! Eu posso acordar ali atrás e então dar graças aos céus, aliviada por ter sido apenas um sonho... ou posso despertar suspensa num mar de inquietações e pavor!
Eu estou, sim, apavorada. Não sou o ‘eu’ que eu conheço e não há ninguém para me trazer de volta quando tudo perde o sentido... fico perdida apenas ouvindo esse zunido dentro da minha cabeça. Fecho os olhos com força e fico rezando para que vá embora e traga o sol de volta para amenizar essa escuridão.

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